Essa
história aconteceu de verdade com os vigilantes da UFFS.
Depois
dos primeiros dias da mudança para o prédio definitivo, em 2012, e uma rotina
já começar a se definir, os vigilantes também elaboraram sua escala de vistoria
nas salas do Bloco A, na verdade, o único bloco até então. Após as aulas
noturnas, dois dos quatro vigilantes subiam até o último andar e iam descendo,
conferindo todas as salas, para verificar se janelas tinham ficado abertas,
luzes acesas ou objetos esquecidos. Os outros dois faziam uma ronda externa,
contornando o bloco.
Naquela
noite, os dois vigilantes que passavam em revista as salas do terceiro andar,
ainda estranhando alguns barulhos ocasionais que rompiam o silêncio. Dizem que
os prédios novos demoram um tempo até se “assentarem”, e é como se estalassem
as articulações, acomodando-se. Foi quando receberam um chamado pelo rádio dos
outros dois: “Quando chegarem no segundo, verifiquem a sala 205, a luz ficou
acesa”. Enfim, são coisas que acontecem... Desceram as escadas dos fundos do
prédio, por ficarem mais perto da sala. Viraram-se à direita no segundo andar
e, olhando a distância a sala 205, verificaram que tudo estava escuro e a porta
estava aberta. Um deles logo pegou o rádio: “Você não falou que a luz estava
acesa?”, “Calma que vou voltar... Pois tá acesa sim!... Pronto, apagou”.
Sem
entender nada, os dois se entreolharam e pegaram os cassetetes. Como a luz
estava apagada para eles e acesa do lado de fora? Prendendo a respiração,
andaram pé ante pé rumo à escuridão que a porta aberta formava. Um deles se
adiantou e já pisava no interior da sala, esticando a mão esquerda para acionar
o interruptor e acabar com as sombras.
Foi
quando um guincho que parecia de um porco soou, muito alto. O segundo vigilante
viu, ou melhor, distinguiu um vulto, com possivelmente dois metros de altura,
sair da escuridão e empurrar o colega, impedindo que a luz fosse acesa.
Como
se um enorme lençol escuro tremulasse ao redor do vigilante, ele caiu no chão,
debatendo-se e gritando por socorro. Após o primeiro grito, aquele homem
parecia estar sendo sufocado e perdendo as forças para tentar escapar. O outro
vigilante, que ficou imóvel durante toda a cena, despertou e, sem pensar em
nada, desferiu dois golpes no vulto que atacava o colega. Depois ele diria que
sentia estar batendo em um monte de algodão, enquanto que o outro, que sofreu o
ataque, relataria que o peso era de uma pilha de tijolos sobre ele.
O
vulto, então, ergueu-se e dominou todo o campo de visão do vigilante que permanecia
de pé. Num impulso de coragem, aproveitando que a janela vizinha à sala 205
estava aberta, empurrou o ser estranho, que despencou na escuridão.
Após
ajudar o colega a se levantar, verificar se estava bem, olharam pela janela. A
luz da lua era mínima, mas conseguiram ver, no chão, os outros dois vigilantes,
olhando para cima e perguntando quem tinha gritado. Não havia qualquer sinal de
que algo caíra...
Essa história aconteceu de verdade com os vigilantes da UFFS.
No
livro de ocorrências, como não sabiam direito o que colocar, optaram por apenas
mencionar que a luz da sala 205 aparentava estar com defeito e solicitavam a
verificação do setor responsável pela manutenção. E daquela noite em diante, a
sala 205 é a única em que os vigilantes ficam do lado de fora, esperando a aula
terminar para logo apagarem a luz e trancarem a porta.
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