Essa história aconteceu de verdade
com os vigilantes da UFFS.
Durante
a madrugada, é comum escutarem-se barulhos no Bloco A. Isso se deve, porque
durante o dia toda a estrutura de ferro e tijolos se dilata, devido ao calor e,
à noite, ela se contrai, devido ao frio. São fenômenos físicos facilmente
explicáveis pela ciência.
Mas
em uma determinada noite, perto das três horas da madrugada, com os vigilantes se
preparando para tomar um chimarrão e espantarem o frio, o barulho que ouviram
do lado de fora não era de contração térmica.
Uma
mulher veio vindo na direção da entrada do Bloco A, acenando com os braços
abertos. Logo os quatro vigias abriram as portas de vidro e a mulher, vestido
um casaco preto que lhe cobria praticamente todo o corpo e usando um capuz que
apenas deixava ver um par de olhos azuis, contou a razão de estar ali, àquela
hora: “Meu carro estragou logo ali em frente, vocês teriam o telefone de algum
mecânico?”.
Os
quatro, muito atenciosos, dividiram-se, dois foram procurar o telefone de algum
mecânico conhecido, que poderia ajudá-la de madrugada, enquanto os outros dois
lhe faziam companhia. Como estava muito frio, sugeriram que ela esperasse ali
dentro, no saguão.
Um
dos vigilantes telefonou e conversou com um amigo que poderia arrumar o carro
da mulher. Levaria meia hora até ele chegar. A mulher, então, perguntou se não
poderia conhecer os outros andares da UFFS, pois nunca tinha entrado ali.
Um
pouco sem jeito, os quatro explicaram que, como era de madrugada, as ordens
eram de que ninguém estranho poderia entrar no prédio e circular lá dentro. Ela
deu uma risada inocente: “Mas eu não sou estranha e já estou aqui dentro...”.
Ela tirou o capuz e mostrou que, para além dos olhos azuis, tinha cabelos muito
loiros e um sorriso encantador. Os quatro, ainda mais envergonhados, reiteraram
a fala de que, infelizmente, não poderiam deixá-la subir, mas se ela quisesse
voltar ali amanhã durante o dia, ou mesmo à noite durante as aulas, com certeza
eles teriam muito gosto em acompanhá-la. Ela sorriu em retribuição e sentou-se,
para esperar o mecânico.
Alguns
minutos depois, aproveitando um momento de distração, ela sorrateiramente
apertou o botão do terceiro elevador, mais afastado da área dos vigilantes.
Eles só perceberam quando o apito soou e as portas se abriram. Não conseguiram
impedir que o elevador fechasse, com a mulher lá dentro, sorrindo como se
pedisse desculpas pela travessura...
Rapidamente,
eles correram pelas escadas, parando um em cada andar, de modo a encontrar a
mulher, independente do andar em que ela saísse.
O
vigilante que, pulando de dois em dois degraus, chegou até o quarto andar, puxando
o ar com mais força, ouviu quando o apito avisou que o elevador chegou. Quando
as portas se abriram, a mulher não estava lá. Ele foi até o parapeito e gritou
aos colegas se enxergaram a mulher. Nenhum deles a tinha visto.
Estavam
em alerta, tentando entender o que aconteceu, quando o mecânico que tinha sido
chamado apareceu, perguntando onde estava o carro, pois não tinha encontrado nenhum
na entrada da UFFS.
Essa história aconteceu de verdade com os vigilantes da UFFS.
Às vezes, algum dos elevadores apita, indicando que chegou a um andar,
mesmo sem ninguém lá dentro, e barulhos ocasionais continuam acontecendo,
possivelmente pela dilatação térmica... Mas todos os vigilantes evitam contar
essa história e tentam trocar de assunto, quando alguém menciona que o elevador
3 está com defeito. Na dúvida, eles aconselham sempre a subir pelas escadas...
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